O Cenário Econômico e as Incertezas Globais para 2021
por Prof. Luciano Lisboa (SP)
No cenário nacional, a pandemia do Coronavírus representou uma parada súbita da economia a partir do fim do primeiro trimestre de 2020, cujos efeitos se concentraram no segundo trimestre. A partir daí, começou a haver uma melhora da atividade econômica, reagindo ao efeito progressivo da transferência de renda governamental.
Dessa forma, a trajetória do PIB terá o formato de um “V” com queda concentrada na primeira metade e recuperação na segunda metade de 2020, resultando ao final em uma queda em torno de – 4,50% do PIB.
Para 2021 permanece uma grande incerteza sobre qual será o comportamento da economia brasileira. Alguns fatores deverão atuar em direções opostas, o que dificulta essa projeção.
Na direção negativa, o grande problema é que o Brasil já entrou na pandemia com uma situação fiscal delicada. A dívida bruta fechou 2019 em torno 75,88% do PIB. Com as medidas para combater os efeitos da pandemia, o endividamento bruto deve fechar 2020 a 96% do PIB, gerando um resultado primário do governo de déficit em torno de R$ 800 bilhões (11% do PIB).
Desafio fiscal brasileiro:
De um lado, tem-se que indicar uma trajetória sustentável para a dívida pública sem desestimular a volta do crescimento da economia. Ao mesmo tempo, a redução muito forte dos gastos poderá levar a um tranco na atividade econômica. O resultado primário projetado para 2021 é de um déficit de R$ 240 bilhões (3% do PIB).
Dessa forma, se projeta uma contração fiscal de 8% do PIB, o que é muito significativo, o que indica o fim das transferências de renda para as famílias e o retorno ao Bolsa Família, bem como a redução das transferências a Estados e Municípios de crédito subsidiado.
Na direção positiva, temos:
- a melhora da confiança dos agentes econômicos em função da vacinação em massa da população,
- a taxa de juros baixa (SELIC em 2% a.a.) que por ora tende a favorecer a atividade econômica,
- a condição de país exportador de comodities combinado com uma taxa de câmbio muito depreciada em termos reais, o que favorece o setor exportador e induz a substituição de importação.
Dessa forma, acreditamos em um crescimento do PIB na ordem de 3% em 2021. Esse crescimento deverá ser mais fraco no primeiro semestre com o fim das transferências governamentais, com crescimento mais robusto no segundo semestre.
No cenário mundial, as perspectivas são melhores para a economia global com vacinas à vista e a manutenção de fortes medidas de apoio pelos governos através dos seus Bancos Centrais, mas riscos ainda persistirão em 2021.
A atividade econômica deverá seguir com menos interações e fronteiras parcialmente fechadas por mais alguns trimestres. A expectativa é de crescimento do PIB global em 2021 de 4,20% ante queda de -4,20% do PIB global em 2020.
O profissional em 2021 precisa se reinventar, ser estratégico e buscar oportunidades de crescimento para que a transição vislumbre dias melhores a frente.