Perspectivas para o setor de eventos 2021: sobreviver!
por Helaine Schindler – professora de Marketing Estratégico e Branding, e produtora de eventos há 25 anos.
A semana que sucedeu o anúncio da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foi marcada pela avalanche de cancelamentos e adiamentos de praticamente todos os eventos programados para o ano de 2020. Naquele momento, nós produtores, tivemos a certeza de que o setor de eventos seria o primeiro a parar e o último a retomar as atividades normais neste cenário de pandemia.
Uma perspectiva assustadora para um segmento que gera mais de 25 milhões de empregos diretos e indiretos, com faturamento anual superior a 900 bilhões de reais, representando 12,93% do PIB brasileiro. São 590 mil eventos por ano, 1.600 por dia*.
Em condições normais, evento é sinônimo de aglomeração, o extremo oposto do recomendado nesses tempos, em que o mantra é manter o distanciamento social. Nesse contexto, convencionou-se que a retomada do setor como um todo, dependeria da vacinação em massa da população, e ponto.
Ao longo dos últimos meses, a maioria dos setores conseguiu dar seguimento às suas atividades, enquanto a cadeia produtiva de eventos permanece em compasso de espera.
Você pode estar se perguntando, mas e o digital?
Apesar da overdose de lives que chegaram a saturar o público, e a realização de eventos em diversas plataformas, o volume de negócios e empregos gerados ainda é muito inferior ao que toda cadeia movimenta em plena atividade. O digital pode complementar, mas dificilmente vai substituir os eventos presenciais.
Se tem algo que a pandemia nos mostrou foi a vontade das pessoas de se encontrar, se abraçar e viver experiências reais. E isso vai ser muito bom quando voltarmos, com toda essa demanda reprimida. As expectativas são as melhores possíveis para 2022, 2023, 2024.
E o que esperar então de 2021?
Sobrevivência.
Enfim a vacina chegou e devemos ser otimistas, mas a realidade é que o processo de imunização da população pode não ser tão rápido quanto desejamos, ou precisamos. Para todo um setor que vive a expectativa dos efeitos da vacina, ainda é muito cedo para especular e nos faltam dados concretos para elaborar um planejamento factível.
Será que aquela feira programada para agosto poderá ser realizada? E a maratona de outubro?
Há um certo consenso, que grandes eventos, como festivais, São João e carnaval, só serão realizados após o fim da pandemia. Ao mesmo tempo, é preciso fazer entender que evento não é apenas show para multidões, ou festas aglomeradas.
Mais de 80% dos eventos realizados por ano são de pequeno e médio portes e podem ser promovidos com capacidade reduzida, obedecendo aos protocolos de segurança, da mesma forma como acontece em outras atividades.
Afinal, qual a diferença entre passar algumas horas dentro de um avião lotado e estar sentado em uma plateia com cadeiras espaçadas em um congresso?
Qual a diferença entre circular pelos corredores de um shopping e os corredores de uma feira de negócios? De estar numa mesa de restaurante ou na mesa de um show cultural?
Então vamos nos preparar, planejar, adaptar e reinventar para sobreviver a este cenário tão desafiador!
*Fonte: ABEOC Nacional